Desde criança pequena que gosto de futebol. Talvez porque
nesse esporte mágico, seja possível acreditar que tudo é possível. Não importa
se Davi ou se Golias, ali, dentro das quatro linhas, são, e sempre serão onze
contra onze. Todos simples mortais, gladiadores de carne e osso, gente que
existe que é real. E foi na várzea, que encontrei o futebol na sua mais pura
essência, com uma beleza simples e acessível.
Talvez, tão lendária quanto uma história de Homero, a várzea
seja uma espécie rara, em extinção, deixando cada vez mais de fazer parte da
história do futebol. Futebol feito por gente de verdade, com problemas de
verdade, praticados em situações verdadeiramente precárias, e, principalmente,
honrando de verdade as cores defendidas.
Trava-se dentro da várzea, uma batalha desleal, onde as
condições econômicas são absolutamente desfavoráveis. Falta de tudo um muito. E
o pior, com o chamado “progresso”, os campos de terra batida foram perdendo
espaço. Cada dia que passa, a verdadeira essência das competições amadoras vai
se esvaindo. É quase impossível manter um time de futebol amador na categoria
adulta: é uma tarefa realmente heroica. As equipes são deficitárias, são caras
e complicadas de administrar, assim como o ego dos principais jogadores,
que mesmo não sendo profissionais, às vezes pensam como tal.
Com uma busca incansável de patrocínio, a várzea procura
formas de sobreviver. Confesso que esse desafio me deixa um pouco apreensivo,
mas, fazer o quê? Eu gosto.
Ainda não dá pra dizer se a várzea sobreviverá ou não. O
fato é que as equipes são montadas e desmontadas rapidamente e os garotos se
vão mais rápido ainda, sem o acompanhamento necessário. A falta de recursos
para desenvolver um projeto ligado ao futebol me assusta. Faltam parceiros,
pessoas que queiram transformar realidades.
Gostaria muito que esses meninos não perdessem suas origens,
sua essência – a paixão que de fato os colocou nesse esporte mágico. Porque,
mesmo com todas as dificuldades e as precárias condições financeiras, a várzea
continua aí, escondida nos morros, nas vilas, nas beiras de estradas, mas bem
perto de todos. Basta olhar, pra enxergar nos olhos dos meninos, quase sempre
desnutridos, o pedido silencioso de ajuda. É importante que a sociedade
perceba, o quanto antes, a necessidade de manter os campos por onde já passaram
Edsons, Diegos e Ronaldos.
AUTOR DESCONHECIDO
um novo homem!...

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